As respostas para essas perguntas ainda não são definitivas, mas uma coisa é certa, se bem não faz, mal também não! O consumo moderado de café, 3-4 xícaras por dia, contendo cerca de 95 a 200 mg de cafeína, tem demonstrado efeitos ora nulos, ora benéficos nos diversos estudos já publicados, porém engana-se quem pensa que os efeitos biológicos do café estão limitados à cafeína.
O café é uma bebida complexa que contém centenas de compostos biologicamente ativos e cujos efeitos à sua saúde com uso crônico ainda não são completamente conhecidos. Dentre estes compostos destacam-se a cafeína (potente estimulante e broncodilatador) e os ácidos clorogênicos (antioxidantes e anti-inflamatórios).
Os efeitos sobre o sistema cardiovascular tem sido extensamente estudados e relatados na literatura. A pressão arterial pode alterar-se agudamente em pessoas que não tem o hábito de consumir café, porém em uma metanálise com 15 estudos, observou-se que o consumo regular promove maior tolerância a essas alterações hemodinâmicas. Além disso, em uma subanálise do Nurse’s Health Study, concluiu-se que até 6 xícaras de café por dia não aumenta o risco de desenvolver hipertensão arterial. Já a presença dos ácidos clorogênicos parece melhorar o metabolismo da glicose e a sensibilidade à insulina, reduzindo em 35% o risco de desenvolver diabetes mellitus tipo 2, nas pessoas que tomam >6 xícaras de café por dia.
E os benefícios não param por aí. Segundo uma outra metanálise com 21 estudos e mais de 400 mil participantes, o consumo moderado de café (1-2 xícaras por dia) demonstrou redução de 13% no risco de desenvolver doença arterial coronária. E mesmo para aqueles indivíduos que já apresentaram infarto do miocárdio, a manutenção do hábito de beber café é segura e não aumenta as taxas de complicações cardiovasculares. Em outro estudo envolvendo mais de 200 mil homens e cerca de 170 mil mulheres seguidos por 13 anos, observou-se uma redução de 10% e 15%, respectivamente, nas taxas de mortalidade por causa cardiovascular. Além disso, os pesquisadores têm demonstrado que não há aumento no risco de desenvolver arritmias cardíacas, bem como pode haver redução do risco de acidente vascular encefálico isquêmico com o uso regular.
Mas não só o sistema cardiovascular usufrui dos benefícios do café! Vários estudos têm demonstrado seus efeitos sobre o sistema nervoso e os potenciais benefícios na redução do risco de desenvolver depressão, doenças de Alzheimer e Parkinson. Além disso, devido ao aumento do efeito termogênico dos alimentos e da oxidação das gorduras, pode auxiliar no controle do peso.
Entretanto, apesar de todos esse benefícios, não podemos deixar de mencionar os potenciais efeitos indesejados que podem surgir em decorrência da ingesta do café, principalmente devido à cafeína, tais como: palpitações, tremores, insônia e até mesmo dependência e seus efeitos quando da falta da mesma, como: dores de cabeça, irritabilidade, fadiga, ansiedade, depressão e dificuldade de concentração. Neste caso, pode-se optar pela versão sem cafeína que ainda mantém os potenciais benefícios encontrados na versão regular, porém em menor intensidade.
Sendo assim, conclui-se que o consumo de café parece ser seguro e inofensivo. Mas lembre-se sempre – “Beba com moderação!”- pois 3-4 xícaras por dia parecem ser o suficiente para usufruirmos de todos os benefícios desta bebida secular!
Fonte: http://www.medscape.com