Mulheres e o Coração
Dr. Rodrigo Souza - Cardiologia Clínica e Intervencionista
As doenças cardiovasculares (DCV) são a principal causa de morbidade e mortalidade ao redor do mundo, constituindo-se num importante e crescente problema de saúde pública, em especial, nos países em desenvolvimento. Os principais fatores de risco relacionados ao desenvolvimento de DCV são amplamente conhecidos e estudados: hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus, dislipidemia (colesterol e/ou triglicerídeos alterados), tabagismo, sedentarismo e obesidade.

Ao longo dos anos, as mulheres foram conquistando seus direitos e espaço na sociedade, mas também adotaram hábitos de vida semelhantes aos dos homens, passando a fumar mais, ingerir mais bebidas alcoólicas e adotar um estilo de vida sedentário, com longas e estressantes jornadas de trabalho, o que tem elevado o risco de desenvolver problemas cardíacos, outrora muito mais comuns em homens.

Segundo dados da American Heart Association, as doenças cardíacas são a principal cauda de morte entre as mulheres, sendo mais letal do que a soma de todos os tipos de câncer. Para se ter uma idéia da dimensão do problema, o câncer de mama provoca cerca de 1 a cada 31 óbitos entre as mulheres, enquanto que a doença cardíaca promove 1 a cada 3 mortes todos os anos, corroborando para espantosas estatísticas de 1 óbito feminino por minuto por causa cardíaca.

Dr. Rodrigo Souza - Cardiologia Clínica e Intervencionista

Nos Estados Unidos da América (EUA), estima-se que 43 milhões de mulheres sofram de problemas no coração e que 90% delas tenham pelo menos um fator de risco para seu desenvolvimento. Desde 1984, mais mulheres que homens tem morrido por causas cardíacas a cada ano, apesar disso, apenas 1 a cada 5 mulheres americanas acreditam que as doenças cardíacas são a maior ameaça a sua saúde e nos estudos clínicos relacionados aos problemas cardíacos, elas representam apenas 24% dos participantes.

No Brasil, o cenário não é diferente e segundo dados do Ministério da Saúde, o infarto do miocárdio e o acidente vascular encefálico (popular “AVC”) são as principais causas de morte em mulheres com mais de 50 anos. Nesta fase da vida, boa parte das mulheres padecem com os sinais e sintomas do climatério e menopausa, muitas vezes tendo que recorrer ao uso da Terapia de Reposição Hormonal, que tem sido relacionada com risco cardiovascular, apesar de ainda haver controvérsias a respeito deste tópico.

Por conta de todos esses fatos, a American Heart Association lançou, em 2003, a campanha “Go Red for Women, que visa chamar a atenção do público feminino para o problema e aumentar seu grau de conhecimento sobre o assunto. E os resultados já estão aparecendo, pois segundo a mais recente pesquisa realizada, nos últimos 15 anos houve um incremento significativo do conhecimento das mulheres a respeito das doenças do coração, pois em 1997, apenas cerca de 30% das mulheres reconheciam as doenças do coração como a maior causa de mortalidade entre elas, e esse índice alcançou 56% em 2012.

Entretanto, segundo a American Heart Association, algumas crenças ainda precisam ser desmistificadas entre as mulheres, tais como:

MITO: “Doença Cardíaca é para os homens e o câncer é a maior ameaça para as mulheres”

FATO: Doença Cardíaca mata mais mulheres do que homens todos os anos, sendo bem mais letal do que o tipo de câncer mais comum entre as mulheres – o de mama, e responsável por 1 a cada 3 óbitos, resultando em 1 óbito por minuto ao redor do mundo;

MITO: “Doença Cardíaca é coisa de velho”

FATO: Doença Cardíaca afeta mulheres de qualquer idade e mesmo as mais jovens podem ter seu risco aumentado em 20% ao combinar contraceptivos orais e tabagismo ou adotar estilo de vida sedentário associado à obesidade;

MITO: “Não tenho sintomas, então não devo ter Doença Cardíaca”

FATO: Os sintomas da Doença Cardíaca diferem muito entre homens e mulheres, levando muitas vezes a serem mal compreendidos e sub-diagnosticados. Cerca de 64% das mulheres que morrem subitamente de doença arterial coronária nunca apresentaram sintomas prévios;

MITO: “Doença cardíaca não afeta mulheres magras”

FATO: O risco de desenvolver Doença Cardíaca não é completamente eliminado, mesmo se a mulher for magra, praticante de ioga ou mesmo maratonista. Outros fatores, como níveis de colesterol, tabagismo e hábitos alimentares podem contrabalancear seus outros hábitos saudáveis.

Neste contexto, campanhas de esclarecimento e políticas públicas de saúde são necessárias para disseminar estes conhecimentos entre as mulheres, fazendo com que compreendam os riscos a que estão expostas, propiciando que façam uma reflexão a respeito de seus hábitos de vida atuais e tomem uma atitude no sentido de melhorar sua qualidade de vida, diminuindo os riscos de evoluir com problemas cardiovasculares, em especial após os 50 anos, na dita “melhor idade”.

Portanto, a prevenção ainda parece ser o melhor remédio. Procure seu cardiologista, faça seu check-up periódico e siga as orientações. Viva mais e melhor!

 

Fontes: American Heart Association

https://www.goredforwomen.org

http://publicacoes.cardiol.br/consenso/2008/diretriz_DCV_mulheres.pdf

Dr. Rodrigo Souza | Cardiologia Clínica e Intervencionista | CRM-PA 7926

Dr. Rodrigo Souza | Cardiologia Clínica e Intervencionista | CRM-PA 7926

Graduado em Medicina pela Universidade do Estado do Pará em 2004. Cursou a Residência em Clínica Médica pela Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará no período de 2005 a 2007, fez Especialização em Cardiologia pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) – Escola Paulista de Medicina no período de 2007 a 2009, e a Especialização em Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) – Escola Paulista de Medicina no período de 2009 a 2011. É membro titular e possui o Título de Especialista pela Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista (SBHCI).

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